Recomendo fazer a experiência. Pergunte a uma criança dos seus, digamos, seis ou sete anos, o que ela vai ser quando crescer. Tem chance de ouvir coisas assim: motorista de Kombi, artista de cinema e professor. Ou: cientista, construtor de casas e bombeiro. Em geral, os adultos acham graça da resposta. Estão acostumados a um mundo em que se escolhe uma profissão na adolescência e vai com ela até a morte. Mas as coisas estão mudando.
Tudo indica que no futuro as pessoas terão várias profissões ao longo da sua vida, em vez de uma única. Em primeiro lugar isso vai acontecer, por que a vida será progressivamente mais longa. A longevidade vem aumentando sem parar – como todos sabemos. Em segundo lugar isto vai acontecer por que nós vamos querer aumentar a quantidade das nossas experiências. Aproveitar a vida, cada vez mais, significará mudar e experimentar. Contardo Calligaris, conhecido psicanalista, tem uma frase que se tornou famosa na medida em que retrata o pensamento atual. Ele diz que não quer ter uma vida feliz. Quer ter uma vida interessante.
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Para comprovar que o futuro está chegando, basta pensar que deixou de ser escandaloso mudar de profissão ou ficar sem um trabalho em estilo tradicional. Pelo contrário, já começamos a ter inveja de quem tem coragem para fazer isto.
Está superada a ideia de que nascemos com talento para um único campo. Vamos descobrindo que somos capazes de atuar em áreas que não têm nada a ver. Tudo isto, com visível proveito para nosso cérebro e para a nossa felicidade.
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Na capital da Dinamarca está localizada uma das mais conhecidas organizações do mundo, que se dedica a estudar e a fazer previsões para o futuro. É o Copenhagem Institut for Future Studies – o CIFS (você pode procurar na internet e saber mais a respeito). O Instituto foi fundado no ano de 1970 e vem atuando em diversos países. A sede do Instituto para a América Latina se localiza em São Paulo. O gerente, Peter Kronstrom fala português fluentemente e dá palestras muito interessantes (igualmente disponíveis na internet).
Em uma de suas falas Peter Kronstrom demonstra a mudança que começa a aparecer na educação. Em vez de concentrar a formação nos primeiros anos de vida, já compreendemos que um diploma significa pouco, se não tiver atualização frequente. Mas, mais do que isto, ele prevê que nós vamos voltar para a escola em momentos distintos ao longo de toda a nossa existência. Ninguém mais vai acreditar tanto em formatura. Haverá muitas fases, cada uma delas demandando nova temporada de envolvimento com aulas, pesquisas, professores…
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Costumava-se dizer que o futuro a Deus pertence. Hoje talvez seja melhor pensar que o futuro pertence a quem conseguir embarcar nele. Ao menos é esta a aposta dos estudiosos de futurologia, de organizações como a dinamarquesa CIFS.