Se as previsões se confirmarem teremos uma sexta-feira de calor e um fim de semana com chuva sábado e domingo. Vamos convir que será um alívio depois da “friaca” rigorosa que assolou o sul do país nos últimos dias.
Passeando por Arroio do Meio no último sábado em diversas lojas, reencontrei amigos e revi afetos. Entre muito papo e poucas compras brinquei com alguns comerciantes:
– Taí, não podem reclamar. Vocês pediram tantas vezes para fazer frio e desovar os estoques que todos os pedidos foram atendidos de uma só vez! – provoquei.
E não era sem razão. A Rua Dr. João Carlos Machado estava bombando. Lojas, supermercados, fruteiras, sorveterias, atacados e bares estavam lotados, bem como a Praça Flores da Cunha onde cada nesga de sol era disputada por adultos e crianças.
Vislumbrei o movimento do centro de camarote, mais precisamente do deck da padaria e confeitaria Tudesca, do amigo Eduardo “Zêzi” Führ, uma atração turística à parte que também estava lotada. Nas mesas, canecas fumegantes de chocolate quente, cafés, salgados e doces para abrandar o apetite típico das tardes geladas de sábado.
O frio tarda, mas não falha. Chega
todos os anos em época definida,
Saí não sem antes devorar um sanduíche de pão francês com salamito e queijo, acompanhado de um cappuccino no capricho. De quebra, trouxe para Porto Alegre uma cuca grande e outra pequena de requeijão. A de coco – minha preferida – tinha terminado.
Como tudo na vida, o inverno tem o lado ruim, resumido nas imagens sofridas de quem tem a rua como morada. É uma legião desprovida de uma cama quente, parentes ou amigos solidários e de um emprego para ter acesso aos instrumentos para enfrentar as intempéries. Estes contam apenas com a solidariedade e a companhia, no máximo de cachorro amigo.
Recém encaramos a primeira onda de frio, outras virão levando glamour à Serra e à Região das Hortênsias. Na maioria das cidades vamos conviver com paisagens com neblina, geada e famílias miseráveis.
O inverno também gera empregos porque lota hotéis, aquece a economia e espalha desafios aos gestores públicos. Prefeitos viajam a Porto Alegre e Brasília à cata de recursos para despesas que muitas vezes não são de sua responsabilidade. Humanos e eleitos para trabalhar por suas comunidades, homens e mulheres públicos não se furtam na busca de soluções para aplacar, minimizar as agruras dos mais necessitados.
O frio tarda, mas não falha. Chega todos os anos em época definida, mas quem deveria promover soluções permanentes ignora os municípios. Afinal, é ali que a vida acontece, as riquezas são geradas e onde se forjam famílias, empresas e empreendimentos que mantêm.