Ivete Kist
Tenho participado de vários eventos neste período de volta às aulas. Isso, em diferentes pontos do nosso estado. São o que chamamos de palestras-show, as sessões que reúnem apresentação da Banda Rosa’s e diálogos sobre temas de educação – um formato que, aliás, vimos testando com surpreendente sucesso.
A experiência se revela muito gratificante e não só por permitir conhecer comunidades longínquas e pessoas diferentes. É gratificante principalmente em função do estilo mais informal das falas e pela companhia da música. Esta associação tem culminado em belo arremate. Animados pelo ritmo, a parte final leva todo o mundo a levantar da cadeira, para celebrar o encontro, a profissão e o momento.
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Ninguém duvida da complexidade que envolve o tema da educação. Por isso, o que fazem nossas palestras-show é um chamamento para pensar.
Vivemos tempos de desorientação. Afinal, o que se pode ensinar neste mundo que se transforma de forma tão acelerada? Como saber o que será útil para os alunos, quando ingressarem na vida adulta? O que se espera do professor?
Longe de impingir fórmulas, vimos falando sobre a bela oportunidade que a escola tem de se aproximar mais do seu papel essencial. O papel que ela desempenha desde sempre, com maior ou menor consciência a esse respeito. Qual seja: o papel de formar indivíduos capazes de aprender continuamente.
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Levar à memorização de dados – sejam os nomes dos afluentes da margem esquerda do rio Amazonas sejam os nomes dos ossos que compõem o aparelho auditivo – nunca foi exatamente a justificativa para a escola existir. Muito mais do que saber coisas de cor, a escola ajuda o aluno a exercitar flexibilidade mental e comportamental. O aluno aprende que a disponibilidade para aprender é a principal coisa que ele tem de aprender.
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É exatamente por essa razão que fazemos questão de dizer que a característica mais básica de um bom professor é ele gostar de aprender. Vê bem, não é simplesmente gostar de ensinar ou dominar boas técnicas de ensino, mas ele mesmo gostar de aprender.
Esse é o modelo de vida que se espera que o professor pratique. Quero dizer, o professor que é o líder do time da sala de aula se apresenta como a figura do aprendiz por excelência. Independentemente de todos os seus títulos acadêmicos e de todos os livros que tenha lido, este modelo praticado pelo professor é o conteúdo mais duradouro e fundamental de todos.
É por acreditar nisso que, no final do evento, podemos presentear os participantes de nossas palestras-show com a frase de W. B. Yeats, o escritor inglês falecido em 1939, que disse:
– “Educar não é encher um balde. Educar é acender um fogo.”