“O casal é conhecido no divórcio; os irmãos na herança; os filhos na velhice e os amigos nas dificuldades”. Mais que um card repetido à exaustão nas redes sociais, o pensamento resume com propriedade situações do cotidiano que se repetem pela vida afora.
Todos têm amigos do tipo otimista e pessimista. E infelizmente há poucos que são parceiros realistas. São aqueles que dizem “na lata” coisas desagradáveis de ouvir, coisas que nos irritam, mas que se mostram verdadeiras quando recostamos a cabeça no travesseiro. Podemos enganar o dia todo, mas no final do balanço realista da jornada, temos que admitir falhas, erros e fraquezas.
Tornar-se sexagenário impõe inúmeras restrições, mudança de hábitos e disciplina para conservar a saúde. Uma das encruzilhadas desta fase da vida se resume em: viver intensamente porque resta pouco tempo de vida ou obedecer cegamente aos cuidados que impõe renunciar aos prazeres da vida?
Tenho amigos que são cuidadosos ao ponto de se tornarem hipocondríacos crônicos, que veem doenças graves num espirro ou em qualquer dor. Outros exageram na comida, na bebida e têm poucas horas de sono. “Horas dormidas são horas perdidas”, justificam. Como em tudo na vida, o segredo está no equilíbrio. Jamais nos extremos.
É impossível conviver apenas
com “gente legal, sincera e bonita”
Costumo ser pródigo em elogios aos amigos e colegas de trabalho e de profissão. Aos mais íntimos acrescento sugestões e críticas pontuais, em hora e ambiente adequados para não soar pedante ou arrogante. Todos precisam de um “amigo palmatória”, aquele que nos conhece o suficiente para avaliar situações com realismo para nos corrigir.
Oportunistas e conformados estão em toda parte. Os primeiros sempre se aproximam quando estamos “em alta”, bem empregados e ocupando lugares de destaque. Os conformados costumam atribuir o sucesso alheio à sorte ou a favores de gente influente. É preciso fugir de ambos, apesar de serem insistentes, onipresentes e incansáveis.
A vida ensina a identificar as pessoas. É impossível conviver apenas com “gente legal, sincera e bonita”. O segredo é saber conviver com chatos, invejosos, pessimistas e oportunistas, evitando que nos afetem. Se impõe buscar inspiração junto aqueles que reconhecem nossas virtudes e toleram nossas falhas. Afinal, ninguém é perfeito. Mesmo que nossos pais pensem o contrário em relação a nós.