O texto de hoje é dedicado ao meu irmão Émerson, a quem nunca fiz um texto. Talvez por nunca ter compreendido sua precoce morte aos 17 anos, no ano de 1990. Hoje, passados 34 anos, começo a ficar mais leve em relação a esse assunto e precisava escrever. A escrita é terapêutica e acalma o coração e a alma.
A chuva de domingo me inspira a escrever e apesar de ter apenas 8 anos, me lembro do dia que minha irmã trouxe a notícia: era um domingo, à noite. Foi num acidente de trânsito, em Rui Barbosa em que ele estava na carona de moto, com seu melhor amigo. Informações deram conta que morreu na hora. Seu amigo, faleceu, algumas horas depois.
O dia do enterro, lembro-me da presença de muitas, mas muitas pessoas mesmo! Agora, eu, cuidada por vizinhas queridas. Poucas imagens me vêm a cabeça desse dia. O que eu lembro são os dias que passam depois disso: a imagens dos meus pais, com a perda de um filho. Vejo-os chorando, todos os dias, de uma forma triste de ver. Minhas irmãs também sofreram muito e eu, é claro, também. Aprendi a conjugar os verbos que envolvem a morte, cedo da vida.
Mas, por além disso, preciso, lembrar de um irmão lindo, a quem eu chamava de Émi. Muito amoroso, brincava muito comigo e lembro de uma em especial em que ele me jogava para cima ou me pegava pelo pescoço que é quando minha mãe morria de medo, pois podia machucar o pescoço, mas era muito divertido e continuávamos.
Um jovem muito lindo e que cativava a todos. Impressionante como tinha amigos. Era rodeado por eles e seu espírito de liderança chamava atenção. A sua beleza também dava trabalho a minha mãe, por ser a ‘sogra’ que todos queriam ter.
Trabalhador e extremamente humilde confessava aos meu pais, as suas irmãs e amigos os tantos sonhos que tinha. Com uma voz forte, mostrava a que tinha vindo e só irmanava, só unia, só queria o bem as pessoas em volta. Sua missão chegou ao fim cedo, mas muitos se lembram de Émerson Roglin. Um jovem rapaz, idealista, sonhador, querido, lindo, líder. Ah, adorava a Forqueta, adorava sua cidade.
As lembranças não são muitas, quando você chegar ao fim do texto lembre-se que isso foi um texto de uma menina de 8 anos que perdeu um irmão. Não sou a única, não serei a única, por isso forças a todos nós. Perdas são inevitáveis e que façamos delas, momentos para reforçarmos o amor entre nós e aproveitemos cada dia como se fosse único. A vida é curta e cheia de desafios. Há momentos bons e ruins, mas nada se compara a ter paz espiritual.
Um abraço no coração de todos vocês. Paz.