Muitos adultos não têm saudades de suas aulas de álgebra – só para ficar com um exemplo clássico… Ainda recordam bem do quanto sofreram diante das equações que tinham de resolver, fossem elas de primeiro ou de segundo grau. Parecia que aquilo era simplesmente uma tortura. Só esperavam pelo dia em que seria possível se safar das aulas e de tudo o mais que lhes atormentava a cabeça…
O que não sabiam na época é que o esforço mental estava desenvolvendo uma agilidade que deixaria marcas positivas no cérebro. Fossem os cálculos de matemática, fossem os esforços por decorar datas, fossem as indesejadas leituras de livros. Tudo aquilo parecia simplesmente um desperdício de tempo. Os alunos ignoravam que a memória e a atenção são treináveis e vão ajudar o cérebro a se defender das perdas que a idade traz.
Os exercícios mentais são muito parecidos com a prática de esportes. Estas, fortalecem os músculos e lhes dão melhores condições de enfrentar demandas físicas. Os exercícios teóricos têm o mesmo efeito benéfico, só que aplicado à mente.
É bem verdade que, caso sejam abandonados, tanto os músculos do corpo como o cérebro vão perdendo os ganhos que tiveram em determinada fase. Nada muito diferente de um depósito bancário ao qual nunca mais se acrescentasse nada. O depósito está lá, sim, mas corre o risco de desaparecer debaixo das reviravoltas na economia.
De todo o jeito, mesmo uma poupança pequena – de dinheiro ou de agilidade física e mental – é preferível a não ter poupança alguma. É ou não é?
Todo mundo hoje em dia está falando em “poupança cognitiva” – é por isso que estou lembrando das atividades escolares. “Poupança cognitiva” é a reserva de agilidade mental feita a partir dos exercícios que mexem com memória, atenção e raciocínio. Tanto faz se parecem com os exercícios da sala de aula ou se forem outros, mais ligados ao convívio em ambiente desafiador. Os exercícios mentais atuam em favor de um envelhecimento menos sujeito à demência – isto as pesquisas vêm demonstrando de modo cada vez mais apurado.
Resumindo tudo: ao chegar na fase em que o envelhecimento afeta o cérebro, a tal poupança cognitiva tem efeito de compensar as deficiências que se instalam. Ela aumenta as condições para improvisar e para criar formas alternativas de realizar tarefas.
Igual ao que se diz sobre a poupança em dinheiro, para a poupança cognitiva também é aplicável o dito popular, “antes tarde do que nunca”. Vale começar os treinos em qualquer momento e o quanto antes. Exercícios de memória e de atenção são benéficos sempre.
A única coisa que pouco ajuda é botar todas as capacidades no piloto automático…