Escrever é bom. Ser lido, melhor ainda. É quando os nossos relatos passam a ser compartilhados não apenas entre os que nos cercam, ou nos seguem em redes sociais. A realização maior está quando todas aquelas palavras que formaram contos, romances ou crônicas ganharam um espaço digno em livros impressos. Por isso, valorizo muito quando escritores se reúnem para manter a cultura literária viva. No início do mês, em Lajeado, aconteceu o evento de posse da minha vizinha de espaço, aqui no AT, Ivete Kist, como presidente da Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat) para os próximos dois anos.
E pelo que andei pesquisando, a nova presidente, professora, escritora e doutora em Letras (entre outros títulos), mira no incentivo a publicações que valorizem a região em colóquios que valorizem a escrita com assinatura e identidade do Vale do Taquari. Lembrei que um dos meus primeiros textos, quando deixava a adolescência, foi, justamente, sobre o que acontecia no bairro onde vivia. Lembro da professora que chamou meus pais e disse que eu revelava, de maneira simples e direta, o que as pessoas viviam e nem se davam conta.
Uma Academia, especialmente em uma região tão rica em experiências de vida, quantas boas histórias não estão guardadas, ou se perdem entre o esquecimento ou postagens via Internet. A leitura, o bom livro impresso, ou mesmo aqueles digitais, nos liberta da mesmice ao relatar o cotidiano, as ideias ou sonhos de cada um. É assim que iniciativas como a Alivat, contribuem para que a região se valorize culturalmente, revelando e apoiando aqueles que fazem da escrita sua missão.
Meu avô se aposentou como gráfico na antiga Livraria do Globo. Em sua máquina foram impressos a grande maioria dos livros de Érico Veríssimo. Volta e meia, o escritor descia às oficinas, no bairro Menino Deus, para conversar com o pessoal que cuidava da impressão e edição de seus livros. Ele afirmava que desde as primeiras palavras datilografadas, até o momento de acompanhar as histórias entre os rolos da impressora, tudo ganhava mais valor.
Veríssimo acreditava que a vida iniciava a cada novo amanhecer e a cultura dos livros ajudava a tornar tudo menos sofrido. É o que sinto ao encerrar a leitura de um bom texto, seja crônica, ou poema. As agruras, as conquistas ou desencontros podemos aliviar nas páginas de um livro. Afinal, “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão…Eu passarinho!” Parabéns, Ivete! Sucesso nessa bela e encantadora missão.