As inovações se tornam mais e mais visíveis no mundo dos negócios. “Quem fica parado o trem passa em cima” – gostava de dizer Antônio Ermírio de Moraes, um destacado empresário brasileiro. Mas não só de produtos novos vivem as companhias. A busca por ferramentas de gestão mais eficazes também não para nunca.
A prova disso aparece na notícia publicada na semana que passou. Diz a nota que a sede brasileira de uma multinacional – não vou dizer o nome – passa por mudanças fortes. Além de trocar de endereço na cidade de São Paulo, está revolucionando seus processos de trabalho. Assim, quando se instalarem nas dependências do prédio novo, os 800 funcionários do escritório vão começar a operar dentro de outro estilo. Vão trabalhar em grupos. Vão agir como se fossem times. As rotinas e os processos estão pensados para fortalecer a cooperação. A mesma filosofia começa, aliás, a ser adotada por outras unidades da empresa ao redor do mundo. A nova maneira de trabalhar foi batizada de Workplace Innovation (inovação no local de trabalho). Na prática, significa que o modelo de gestão reúne os funcionários em torno de projetos, em vez de localizá-los conforme a hierarquia.
A diferença mais visível em relação ao estilo anterior é a maneira de utilizar o espaço nos escritórios, daí o nome Workplace Innovation. Em vez de botar as pessoas em compartimentos separados e em vez de colocar os escalões mais altos em salas afastadas dos demais colaboradores, o uso dos espaços estará adequado à necessidade funcional. Com isso, saem de cena as salas exclusivas, aquelas com o nome do ocupante gravado na porta; saem de cena as cadeiras e mesas diferenciadas de acordo com o cargo do funcionário – isso vale inclusive para a chefia mais alta – e entra em campo o compartilhamento de salas. A ideia-base é que este sistema vai desencorajar a separação entre os que pensam e os que executam ordens.
A tal empresa está apostando muito na mudança. Segundo seu Presidente é preciso aproveitar melhor a capacidade de todos os colaboradores. Até que seja assimilado, o novo método pode ser menos produtivo, mas a médio prazo – garante ele – certamente renderá bons frutos. Principalmente por que acaba com a prática de que muitos empregados podem simplesmente pendurar o cérebro no cabide junto do casaco, ao entrar na empresa. O Workplace Innovation vai ajudar a corrigir o desperdício de talentos. Ninguém pode se escorar. Ninguém fica dispensado de dar o melhor de si, o tempo todo.
É pagar pra ver o resultado da reviravolta programada. Especialmente, pelo fato de vivermos num ambiente que valoriza muito os sinais externos de poder. E, além disso, entre nós parece bem bacana falar em trabalhar em grupo, mas… Mas, na hora H, ao contrário do que parece, a gente se dá conta de que interagir a sério não é moleza. Como regra, a coisa rende pouco. Mais comum é ficar enrolando até que um gerentão ponha ordem na bagunça.
Ou, ficar esperando que um salvador da pátria faça sua entrada triunfal e dê um xeque-mate espetacular. Pronto. Tudo resolvido.