Pela singeleza de sua proposição e pela origem africana, que sempre traz nos seus ditados doses enormes de emoção e sofrimento, aí está uma frase para marcar, entre outras finalidades, uma espécie da já popularizada “volta por cima”. Senão, vejamos:
Há 520 anos (1492), Cristovão Colombo descobriu a Terra que mais tarde seria chamada de América, muito embora seu objetivo fosse mesmo atingir as Índias, de onde contava trazer superlotados os porões de suas três caravelas (Santa Maria, Pinta e Nina).
As viagens mais produtivas, à época, buscavam voltar das Índias com especiarias, uma espécie de “tempero” e ao mesmo tempo,”conservante” dos alimentos de então. A pimenta, cravo, canela, óleos e em especial, ervas aromáticas, tinham alto valor naqueles tempos, pelos motivos já enunciados.
Ao sair do Porto de Palos (ESP), Colombo sonhava encontrar um caminho para as Índias, mas já além da metade de sua expedição (1492),depois de experimentar as agruras de noites que, lá pelas tantas, pareciam anunciar um final não muito bom, veio a recompensa, com a qual o maior beneficiado seria o seu navegador Américo Vespúcio, cujo nome serviu para “batizar” a nova extensão de terras descobertas e lançar seu nome à história do Mundo.
Não foi menor a recompensa de Pedro Álvares Cabral, o navegador português que ao comandar uma expedição a Índia (1500), deveria buscar a recém-inaugurada por Vasco da Gama-Rota às Índias(1498)- contornando a África.
O número de navios de Cabral já era um pouco menor quando chegou às terras que acabara de descobrir. Mais da metade deles perdeu-se em fortes tempestades, o que significa: Cabral chegou à Terra que lhe pareceu ser um novo Continente (e na verdade era) e fez sua reivindicação para que tal conquista passasse a fazer parte de Portugal, até porque, pelo novo Tratado de Tordesilhas, assinado entre Espanha e Portugal, a nova Terra, a quem havia dado o nome Vera Cruz, situava-se no lado português.
Por um longo período de tempo (cerca de 2 séculos) Pedro Álvares Cabral foi esquecido pela História como descobridor do Brasil, o que quer dizer: a demorada noite de seus sofrimentos custou a transformar-se no permanente dia de sua vitória, constituindo-se em uma espécie de prêmio a sua tenacidade e lealdade para com a Casa Real portuguesa.
Da mesma forma, Cristovão Colombo, que teria se desviado em muito do roteiro que lhe competia seguir, sempre será considerado um navegador a quem coube atender pedidos próximos ao impossível, o que atendeu com muita competência.
Elegi esses dois famosos e respeitados nomes, para simbolizar, com algum exagero até, a enorme dificuldade- nesses dias de tantas CPIs e inúmeros com¬promissos outros já exigidos do Congresso Nacional- para a tarefa que, mesmo Sansão, Hércules, ou qualquer outro (quem sabe Teseu, que derrotou o Minotauro de Creta?), eu não acreditaria pudessem realizar: Há 3.000 vetos para serem apreciados no Congresso e o tempo disponível para isso serão poucas horas.
De que forma um Congresso com tantas CPIs e outras tarefas gigantescas, poderá enfrentar o estudo de 3.000 vetos, examinando-os com o indefectível cuidado e competência? Ninguém se deu conta de examinar no tempo devido ou foi acúmulo de trabalho ?
Matematicamente, são cerca de seis vetos para o exame de cada deputado. O leitor acredita que o desafio seja possível e tenha a qualidade que costuma acompanhar a Câmara Federal?