As abelhas existem há milhões de anos e são muitas as provas de sua existência, espalhadas em boa parte do mundo.
A mais antiga delas é uma inscrição rupestre do período neolítico, encontrada em Valência (Espanha), datada aproximadamente do ano 20.000 A.C. (221 séculos atrás).
Nela se observa, com muita nitidez, um homem retirando favos de mel em um orifício na rocha; esta pintura foi encontrada em uma caverna.
Os egípcios foram os primeiros apicultores, ao criar abelhas em colmeias de barro (2.000 A.C.). De lá, essa cultura foi levada para a Palestina, conhecida através da Bíblia como “terra do leite e do mel” (Canaã).
Alguns autores referem que no Antigo e no Novo Testamento há 37 citações de mel e de abelhas.
Incorporada ao dia-a-dia dos antigos habitantes do planeta, a abelha chegou aos nossos dias portadora de alguns enigmas, que só começaram a ser elucidados no século XVII. O primeiro foi surpreendente: concluiu-se que o até então considerado rei da colmeia era uma abelha, o que não impediu que, quase um século depois, muitos apicultores ainda falassem no “rei”.
Bem mais tarde, 1851, o apicultor americano L. Langstrote, revolucionou a cultura do mel ao apresentar um novo modelo de colmeia. Este, partia da conclusão de que as abelhas constroem um favo de cera a cada 0,6cm, em média, e a partir de 0,9cm elas já constroem dois favos.
A cera alveolada (1857), o centrifugador (para retirar o mel do favo sem destruí-lo – 1865), o fumegador (para produzir o “calmante” que possibilita ao apicultor trabalhar melhor junto à colmeia – 1870), foram outros avanços obtidos já no século XIX.
As abelhas e sua civilização chegaram inclusive ao Prêmio Nobel, graças a Karl Von Fritsh, o decifrador da “dança das abelhas”, pela qual se pode conhecer a distância dos alimentos e a orientação solar de sua localização.
Depois de se ter conhecido tudo sobre as abelhas, até o mais íntimo de sua vida mais íntima (a fecundação da rainha se dá fora da colmeia), torna-se maior ainda o mistério que assola o mundo inteiro: Por que as abelhas estão desaparecendo?
A cada dia, informações sobre este fato chegam dos mais distantes lugares da Terra e a resposta ainda não foi encontrada. Enxames inteiros desaparecem e, outros, vão se formando com números menores de abelhas, o que quer dizer, ficam menos produtivos. E o percentual da queda de produção é maior que o número de desaparecidos, o que é explicável pela dinâmica de grupo.
O maior problema do desaparecimento das abelhas já começa a se desenhar como gigantesco para toda a humanidade: a abelha, apesar de muito sensível à ação dos agrotóxicos é, longe dos outros, o maior agente polinizador natural, transformando cada visita sua a uma flor, num fator insuperável de ampliação da produção de frutos e sementes de vegetais utilizados para a sobrevivência da raça humana.
Sabendo-se que a abelha representa mais de 65% de todos os agentes polinizadores, como garantir a produção de alimentos para as próximas gerações se os eficientes fabricantes de mel estão desaparecendo do planeta?
Seria, séculos depois, uma vingança por termos descoberto que “ele” era “ela” e só atuava fora de casa?