Há 86 anos, neste mesmo mês de junho, em 1928, representantes de 12 países chegavam ao Uruguai, a maioria deles no mesmo navio (Conte Verde), para realizar o sonho de um francês, Julles Rimet, presidente da FIFA e realizador de um Congresso para aqueles dias. Este seria definidor das linhas gerais da competição esportiva que, ao longo dos anos, movimentaria o maior número de pessoas em todo o mundo, a partir daquela emblemática data.
No encontro, o Uruguai foi escolhido como Sede da 1ª Copa do Mundo de Futebol por estar comemorando, em 1930, o Centenário de sua Independência (daí o nome do Estádio) e por ter sido bicampeão de Futebol nas Olimpíadas de 1924 (Paris) e 1928 (Amsterdã).
Com capacidade para 100 mil espectadores, na época, o Templo do Futebol, como o denominou Julles Rimet, abrigaria 10 das 16 partidas, distribuindo-se as demais entre o Parque Central e Pocitos, cada um deles com capacidade para 20 mil torcedores.
Uma briga entre cartolas cariocas e paulistas fez com que o Brasil fosse representado pelo Rio de Janeiro, com apenas o reforço de um jogador de São Paulo, de nome, Araken.
Uruguai e Argentina chegaram à final depois de, nas semifinais derrotarem, respectivamente, Inglaterra e Estados Unidos pelo mesmo e raro escore: 6 x 1.
Na final, com bola Argentina no 1º tempo e Uruguaia no 2º, vitória do Uruguai por 4 x 2, depois de uma derrota parcial por 2 x 0, no 1º tempo (com bola Argentina).
O Brasil caiu fora já na 1ª fase, vencendo o México e perdendo para a Iugoslávia.
Não faltaram reclamações contra árbitros, contra o frio intenso (alguns jogos foram disputados na neve) mas faltaram, no mínimo, 7 países, modificando um pouco a estrutura da competição.
Informo alguns detalhes que me parecem suficientes para mostrar o acerto do ditado chinês, segundo o qual “toda a caminhada começa com o 1º passo” e lembro que tudo nasceu de um sonho e da capacidade realizadora de Julles Rimet, que emprestou seu nome ao troféu maior da Copa.
Infelizmente, o principal criador e defensor da ideia faleceu em 1956, apenas 2 anos antes de sua criação chegar à maioridade.
Mais de 8 décadas depois, não há como deixar de festejar termos sido escolhidos como uma das Sedes do Mundial de 2014, não mais realizado por uma Entidade cujo saldo em caixa era, em média, de 100 dólares – dia, à época da 1ª Copa do Mundo e hoje movimenta quantia próxima a meio trilhão de dólares – ano.
Esse carro-chefe dos eventos esportivos internacionais encontra, no RS, uma miscigenação de raças inigualável no país, liderada por imigrantes de origem europeia, especialmente ávidos de conhecer e participar das histórias e das lendas que ouviram de seus antepassados, muitos dos quais protagonizaram nossa própria história.
Independente de quais países estarão se apresentando no Beira-Rio, aficionados de todo o Mundo já estão chegando há algum tempo, atraídos pelo RS Tetracampeão da América e Bicampeão do Mundo, diversas vezes Campeão brasileiro e 5 vezes Campeão da Copa do Brasil (claro que estamos falando da contribuição de Grêmio e Inter).
Nosso futebol está representado nos mais variados pontos da Terra, por jogadores de exceção, hábeis, esforçados e gregários, portadores do segredo de como tornar-se “conhecido da bola” e com ela conviver em clima de fervorosa amizade.
A partir de agora, com o início dos jogos marcados para esta semana, nós gaúchos continuaremos a receber os milhares de torcedores que chegarão para ver se esta esperada Copa do Mundo assistirá a uma vitória brasileira, para o que torcemos, aliás.
Misturar o futebol – que aqui veio do mundo inteiro – com movimentos de baderna, para tratar de assuntos que nada têm com a bola é uma agressão ao próprio objetivo do evento para o qual fomos escolhidos e convidados.
O Brasil está recebendo o Mundo.
Não cabe ao nosso país dar a todos que nos visitam um tratamento antidesportivo.