Exatamente hoje, 22 de agosto, minha mãe, Gerti Jasper (nascida Kirst) completa 80 anos de idade. É difícil escrever de maneira racional sobre uma pessoa tão importante na minha vida. Desde muito cedo ela trabalhou duro no bairro Bela Vista, onde nasceu. Ainda escuro e sob geada lidou na ordenha dos animais, além de plantar, capinar e colher. Além disso, se ocupava das lidas domésticas que incluíam costura, cozinha, arrumação da casa e tudo mais que fosse necessário realizar.
As inúmeras perdas familiares ao longo da via nem de longe tiraram a garra de viver. Primeiro perdeu o pai, Bruno Emílio Kirst, o verdadeiro pioneiro da empresa Bebidas Fruki, outrora Kirst & Cia. Ltda. Em seguida foi a vez da mãe Wilma Kirst (nascida Wienandts), partir, pouco antes do marido, Gilberto Delmar Jasper, companheiro de 35 anos. Mais tarde o filho caçula e meu irmão, Roberto César, o Neco, nos deixou com pouco mais de 30 anos.
Dona Gerti transformou o luto em energia e determinação para tocar a vida. Aos filhos Neusa e Gilberto legou a honradez e a reciprocidade através da generosidade. Aos netos Marco Antônio Júnior, Ana Carolina, Laura e Henrique ensinou a dedicação ao trabalho, o carinho com o próximo e o gosto pela convivência familiar.
Além das perdas familiares uma cirurgia de cinco horas extirpou o pulmão direito. Foi mais um desafio superado com tenacidade. Disciplinada, segue até hoje à risca as orientações médicas. Graças a isso realiza diversas atividades físicas, como hidroginástica, alongamento e caminhadas, sem falar dos passeios em grupo. Frágil apenas na estrutura física, dona Gerti completa oito décadas de vida esbanjando otimismo, simpatia e solidariedade.
A capacidade de cativar pode ser comprovada na agenda as comemorações que marcam a data de hoje: uma festa para as amigas, outra para os vizinhos e uma terceira destinada ao encontro com familiares. Sobram motivos para tamanha confraternização, apesar das armadilhas e percalços superados ao longo da caminhada.
Cozinheira de mão cheia, dona Gerti vive intensamente dosando os temperos de sua existência. Mas ela conhece como poucos seus limites. Físicos e emocionais. Apesar dos reveses faz da família sustentáculo usando a fala mansa, a dedicação e a premissa de que todos erram. E por isso merecem o perdão.
Presentes, festejos, homenagens serão insuficientes diante do enorme significado que esta baixinha possui em nossas vidas. Muito obrigado! Talvez seja pouco, mas resume tudo que herdei e ainda recebo de ti.
Como ser humano e como exemplo de vida!