O Rio São Francisco, mais conhecido como “O velho Chico” nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a mais de 1.000 metros de altura e depois de percorrer 2.820 km deságua no Oceano Atlântico.
Em seu trajeto, atravessa os estados de Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e Alagoas e forma diversas Cachoeiras, das quais a mais alta e famosa é a de Paulo Afonso, entre Bahia e Alagoas.
É o maior dos rios totalmente brasileiros, por isso também conhecido como “o rio da Unidade Nacional”. A razão maior dessa denominação deve-se ao fato de que desde os tempos do Brasil Colonial, fazia a ligação entre o sul e o nordeste brasileiros e foi muito importante no desenvolvimento e na qualidade de vida dos habitantes daquela região. Sua maior contribuição ao progresso são as Usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso e Três Marias, graças às quais água e energia possibilitaram o crescimento regional.
O maior empecilho da qualidade de vida de uma região pela qual o rio São Francisco não passa, mas corre próximo (em termos de engenharia da atualidade, claro), são as secas que ocorrem na temporada de verão e que afetam um pouco “O Velho Chico”, especialmente neste último ano, que sofreu a pior estiagem das últimas 4 décadas.
A ideia da Transposição do Rio São Francisco (levar sua água aos estados mais próximos nos quais não esteja presente) começou na época do Império (1847). As secas que assolam o Nordeste já naquela época formavam verdadeiros desertos, onde cresceram a sede, a fome e o êxodo para lugares mais amenos e com água em abundância.
Trazida a debate público para verificação atual de sua implantação, a Transposição foi considerada possível porém onerosa, o que impediu, durante algum tempo, que fosse em frente.
Os itens contrários e favoráveis passaram a ser discutidos cada vez com mais frequência e detalhes, ganhando inclusive verdadeiros “jingles”, especialmente a favor, como o baião de Luiz Gonzaga, que fez da queixa contra a seca, sua mais famosa composição “Quando o verde dos teus olhos, se espalhou na plantação, eu perguntei pra Deus do Céu, por que tamanha judiação. Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação, por falta d’água, perdi meu gado, morreu de sede meu alazão”.
De seca em seca, verso em verso, o Governo brasileiro decidiu-se por enfrentar as queixas originadas pelo nordeste e fez antes de mais nada o estudo de custos da obra que mais parecia um desafio à natureza e aos cofres públicos.
Há cerca de 5 anos começaram as obras em dezenas de localidades e diversas regiões consideradas como “vítimas das secas”, chegando a contratar dezenas de empresas para tocar o projeto, que chegou a ter 59 mil funcionários trabalhando a todo vapor.
Atualmente, as queixas contra a lentidão das obras avolumaram-se; os principais argumentos, contra, são o Custo das obras ( que estavam previstos em R$ 4,5 bilhões e já estariam próximas aos R$ 11 bilhões (deixo claro que não tive acesso a qualquer um desses estudos, mas li diversas manifestações sobre isso).
Os favoráveis à Transposição argumentam com as secas, o desemprego, a falta de geração de renda e com a demanda permanente de água, o que obriga à contratação de milhares de viagens de abastecimento ao longo de um período considerável, em especial, na temporada das “secas”.
Os contrários argumentam , além do custo e sua mutação, contra a agressão à natureza que será cometida no entorno do rio, prejudicando flora e fauna das regiões socorridas pela Transposição.
O principal argumento, no entanto, é a lentidão atual das obras. O que havia sido prometido para 2010 ficou para 2012, que transferiu a entrega total das obras para 2015.
Talvez muito pouco de tudo isso diga respeito ao Rio Grande do Sul, mas o todo é fundamental para os brasileiros que receberiam as obras e delas continuam necessitando.
O Governo encarou o desafio e pisou no freio. Mas não pode esquecer que a seca não freia, ao contrário, acelera.