Vou começar tentando adivinhar: você votaria na AIDS, com toda a certeza. Nascida na África, numa confusão científica que poderia ser mostrada como uma vídeo-cassetada: se não fosse trágica, seria cômica. Mas assolou o mundo nos últimos 20 anos, transformando todas as outras em simples “resfriados”.
De qualquer forma, o Câncer não pode se enquadrar na categoria dos “resfriados” comuns.
Tumor maligno formado pela multiplicação desordenada de células de um tecido ou de um órgão, é candidato potencial ao título de “mal de todos os séculos”. Um pouco fora da cena principal hoje, em função da AIDS, continua a fazer vítimas e a ceifar dor e desespero.
E o que dizer das conhecidas febres e gripes dos últimos séculos? A “amarela”, a “espanhola”, o tifo? Este último, foi carrasco implacável por várias décadas. A palavra tifo definia um grupo de doenças infecciosas, febris, causadas por microorganismos, transmitidas ao gênero humano por piolhos, carrapatos etc.. Enfim, de difícil controle. Seria o seu candidato?
E a tuberculose, então? Quem conseguiria ler a Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, sem se comover com o drama da infeliz e bela moça que definhava com uma doença infecto-contagiosa (em 1852)? Aquela doença somente 30 anos depois seria desvendada por Robert Koch, médico e microbiologista alemão, motivo pelo qual o bacilo causador da formação de tubérculos em vários órgãos, levou o seu nome. Foi o pavor do século 19.
Menos letal, mas de efeito devastador, uma candidata com alguma chance seria a lepra, cuja origem remonta a séculos antes de Cristo. É citada mais de cem vezes nas Escrituras. Lázaro, aquele que foi trazido de volta à vida, por Jesus, em realidade passou a ser sinônimo de leproso. Em dezenas de livros, lazarento e leproso se confundem.
Então? Qual das apontadas acima seria a sua candidata à “pior doença dos últimos 30 séculos”?
Vou dizer qual o meu candidato: o terrorismo. De origem múltipla, pode ser racial, religioso, político ou apenas uma desculpa de plantão.
Covarde e cego, ataca pessoas de todas as idades e mata quase sempre pela simples desculpa que matar redime. Impiedoso e desumano, move-se com a ideia do quanto mais devastador, mais perfeito. O fato de multiplicarem-se suas origens, vítimas e aplicações, transforma-o em doença, com um agravante: esboça-se, no horizonte, sua transformação em epidemia.
De onde surgirá aquele que sufocará esta doença? Até quando inocentes serão mortos em nome de coisa alguma?