Nas três últimas décadas do Século XVIII, ocorreram diversos levantes e movimentos revolucionários na América do Sul, destacando-se, no Brasil, a mal sucedida mas legítima Conjuração Mineira (1789), que praticamente começou quatro anos antes, quando Portugal proibiu o funcionamento de fábricas em território brasileiro.
Há décadas, o povo da Província de Minas Gerais vinha sendo vítima de espoliação (privação permanente de bens alheios através do roubo) de ouro e pedras preciosas, constituindo-se na massa de manobra que o governo imperial português utilizava para fazer relações públicas com a Europa inteira.
A Conjuração, mais tarde transformada em Inconfidência, graças a Joaquim Silvério dos Reis, foi movida pela indignação da quase totalidade dos Mineiros, sufocados pelo exemplo da morte de Tiradentes (21.04.1792) e desterro de vários outros revoltosos, todos social e politicamente melhor situados que o alferes Joaquim José da Silva Xavier.
A Inconfidência Mineira e sua inequívoca e justa motivação seria, 33 anos depois, um dos pilares para a Independência do Brasil.
Já na Europa, a Revolução Francesa – entre o 05 de maio de 1789 e o 09 de novembro de 1799 – foi marcada especialmente pela Queda da Bastilha (14.jul.1789, ilustração acima), menos de três meses depois de Tiradentes ser enforcado.
Sua causa foi o sofrimento do povo francês ao longo de, no mínimo, um milênio, submetido pelo Clero e pela Nobreza. Em resumo: a última palavra era a do Rei, as demais da Igreja; e a ninguém era permitido dizer mais nada.
A partir da Queda da Bastilha, a Revolução Francesa não teve qualquer tipo de contemplação e pela força de sua indiscutível legitimidade, sacrificou nomes, cargos, entidades e lideranças, incluindo-se aí todos os comandantes da própria Revolução, boa parte deles guilhotinados, até Joseph Guillotin, o médico que sugeriu a reaplicação do método e da máquina, cujo uso estava há muito abandonado.
Deixo bem clara a intenção de demonstrar a legitimidade dos dois movimentos citados, que de uma ou outra forma acabaram sendo vitoriosos.
Menos de meio século depois, a Revolução Farroupilha (1835) explodiria na Província do Rio Grande, tendo como estopim o livre comércio do charque, exercido por argentinos e uruguaios, no centro do país, enquanto o produto gaúcho era taxado de maneira exorbitante, impedindo uma justa competição.
Na verdade, esse motivo foi apenas um deles, já que, politicamente, a Província gaúcha queria o direito de eleger seu presidente e ter suas próprias Câmaras de Vereadores, contrariamente ao que exigia o Governo Imperial.
Atiçados por charqueadores e políticos, os idealistas, liderados por Bento Gonçalves, na época deputado e antes, comandante da patrulha de fronteiras, partiram para a Guerra dos Farrapos, conhecida por todos.
Saliente-se: o charque e seus componentes constituiam motivos bem menos relevantes que os causadores das duas revoluções anteriores.
Cento e setenta e cinco anos depois, com a decisão da Câmara dos Deputados de que o petróleo extraído no Brasil, incluindo a faixa de 160.000Km² de pré-sal é de todos e não somente de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e uma dezena de municípios mais, esboça-se uma Revolta politiqueira e inconsequente, liderada por políticos de dois estados riquíssimos contra os demais estados da Federação.
No momento atual, falta o pronunciamento do Senado onde, em princípio, a confirmação será mais fácil (cerca de 63 votos contra 18).
Os municípios hoje beneficiados com a antiga Lei do Petróleo teoricamente perderão essas vantagens, mas é bom não esquecer que em seguida serão também beneficiados com os novos campos descobertos.
Com as vantagens estendidas a todos os brasileiros, fica melhor definido o que quis dizer D. Pedro I quando falou em “felicidade geral da Nação”, no Dia do Fico (09/janeiro/1822).
A hora, agora, é de observar o que farão os aproveitadores de plantão, quanto a este novo Movimento: Arruda tentará, tal como Bento Gonçalves, o auxílio dos Massons para poder fugir a nado do lago Paranoá, indo encontrar-se com o governador Sérgio Cabral (RJ), este, hoje, com 26% dos 37% do apoio que recebeu na eleição passada?
Campos (RJ) e Santos (SP), dois municípios riquíssimos, já começaram a queixar-se das privações que passarão com a nova distribuição de quotas, muito embora ricos muito tempo antes da chegada do petróleo.
O Senado derrubará a Câmara dos Deputados, abrindo chance para Delúbio, Sarney e mensaleiros de todas as meias, cuecas e correntes?
É uma pena: já não se fazem mais Revoluções como antigamente.