A saúde mental é tema cada vez mais recorrente na sociedade, mas ainda está cercada de tabus, preconceitos e desinformação. Devido às consequências que as doenças mentais podem ocasionar para os afetados, familiares ou pessoas do convívio, – para os profissionais da saúde,- estudos, debates, diagnósticos, terapias e tratamentos fazem parte da agenda.
Na semana passada, durante um workshop organizado pela Associação dos Hospitais Privados de São Paulo, um dos participantes foi o presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da USP, Wagner Gattaz. Durante o encontro ele divulgou dados sobre uma pesquisa, feita com cinco mil pessoas de diferentes situações socioeconômicas em São Paulo. Como integrante da equipe de pesquisadores desta realidade, divulgou que 20% dos indivíduos participantes tinham transtorno de ansiedade; 11 % depressão e 4% abusavam de álcool e drogas. O especialista informou que a depressão atinge o cérebro do enfermo diminuindo consideravelmente sua atividade. Focado no ambiente corporativo, Gattaz trouxe gráficos comprovando que 2/3 dos custos referentes às doenças psiquiátricas são indiretos, isto é não ocorrem por conta do tratamento. “Cerca de 40% das pessoas com depressão não sabem que têm a doença, o que acarreta uma série de consultas com especialistas errados, por conta de alguns sintomas como indisposição e, consequentemente haverá custos com exames para investigar possível doença física que não existe, pontuou. Segundo a OMS, foram gastos 2,5 trilhões de dólares com doenças mentais em 2019. Esse valor deve chegar a seis trilhões em 2030. (Dados enviados pela assessora de imprensa Thaynara Dalcin)
Conscientização maior
Para o médico psiquiatra Cauê Attab pós-graduado em Psiquiatria pelo Hospital São José de Arroio do Meio (Rede de Saúde Divina Providência) os dados que fazem parte de um centro maior como São Paulo podem refletir uma realidade que ocorre em centros menores a exemplo dos municípios do Vale do Taquari, onde há taxas expressivas de suicídio. Ele concorda que é preciso vencer a desinformação, procurar ajuda, falar cada vez mais sobre os sentimentos de tristeza, depressão, vazio … que afetam o indivíduo. Para Attab que trabalhou por três anos no setor de Saúde Mental no HSJ de Arroio do Meio, criado em 2007, o preconceito e o tabu ainda existem, mas já existe uma conscientização muito maior em relação à necessidade de procurar um diagnóstico correto e tratar a doença, evitando assim, que algo mais grave como o suicídio, dependência química ou afastamento laboral prolongado ocorram. “É mais comum procurar um médico diante de uma dor ou desconforto físico. Mas é importante que se faça um diagnóstico correto de doenças psiquiátricas. Ao ignorar um distúrbio psicológico, sem uma avaliação adequada é mais difícil a cura. Quanto mais cedo se conhece os sintomas e as causas do transtorno, o tratamento pode ser mais rápido e eficaz, ” diz o médico Cauê.
O dinheiro do pré-sal
Foi aprovado na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado por 23 a zero, o projeto de cessão de recursos vindos do pré-sal, que será distribuído entre União, estados e municípios. O megaleilão do pré-sal está marcado para novembro. Os recursos vão representar um alívio para muitos estados e municípios, ainda mais a um ano das eleições. A estimativa de acordo com as regras aprovadas nesta semana, é de que o leilão possa render ao Estado do Rio Grande do Sul, R$ 450 milhões e às prefeituras, R$ 700 milhões. Por estes cálculos e estimativa, Arroio do Meio, segundo o prefeito Klaus Werner Schnack poder receber entre R$ 1,6 a R$ 1,7 milhões. Se o valor for confirmado, o prefeito pretende reunir os vereadores e estudar em quais projetos investir os recursos.
Desde a descoberta, a divisão dos recursos tem gerado divergências, principalmente em relação à divisão. Para entender melhor: o pré-sal encontrado no Brasil é uma reserva de petróleo e gás natural em águas profundas do mar, sob uma extensa camada de sal, que atinge dois mil metros de profundidade, o que dificulta a exploração. A reserva encontra-se na Bacias de Santos, Campos e Espirito Santo (região litorânea entre os estados de Santa Catariana e Espírito Santo.)
Em Arroio do Meio, na terça-feira de manhã, o deputado Jerônimo Goergen (PP) lamentou que boa parte destes recursos vão para custeio, em estados e municípios endividados. “O Brasil precisa se organizar melhor. Fazer as reformas necessárias. Estamos no bom caminho mas falta muito. Não podemos sempre correr atrás, a exemplo destes recursos do pré–sal que deveriam ser utilizados para investimentos e não pagar dívidas, folha de pagamento…”disse Jerônimo.