Li, nos últimos dias, atônita e frustrada com as notícias sobre o projeto de Lei que visa desobrigar as crianças a frequentar a escola, ou seja, os pais podem ensinar em casa seus filhos. Fui acometida de gastrite nervosa, quando aprovada essa PL com discursos inflamados a seu respeito.
A minha indignação vai longe, embora um depoimento tenha me acalmado e, de certa forma, colocado os pés no chão de muita gente, os fazendo voltar à órbita da normalidade e do óbvio. Palavras da promotora de Porto Alegre resumem tudo. Disse que isso é inconstitucional e que qualquer lei que muda a Constituição Federal tem de vir da esfera federal e não estadual. Além disso, o nosso governador já começa barrando por aqui.
Sinceramente, não sei como debater isso e perder tempo para falar disso. Muito mais urgente discutir a qualidade da educação e como fazer para alavancar as escolas. Melhorar, avançar e não inventar “moda”.
A escola é um espaço privilegiado de educação. Na formalidade de um educandário que se encontram pessoas qualificadas para construir a aprendizagem dos alunos. Além do mais, é no ambiente formal da educação que a socialização ocorre. Privar uma criança disso é tirar dela o desenvolvimento integral do caráter e da aprendizagem cognitiva.
Nunca ficou tão provado nos atuais tempos de pandemia a importância da escola e sua função social. Crianças depressivas, ansiosas e com muitas saudades de professores e colegas. Isso de novo denota o que talvez alguns não queriam ver que é a magia que acontece dentro de uma sala de aula.
A educação é um processo de transformação diário e com exercícios de repetição e estratégias baseadas em muitos estudos e práticas e esse movimento dinâmico acontece nos educandários. A rotina aliada a hábitos, assim como na nossa vida, é o alicerce que alcança o sucesso escolar. Por isso, os professores insistem em criá-los e, a partir disso os alunos aprendem e se desenvolvem.
Estudar em casa. Não consigo nem pensar. Como garantir o cumprimento de rotinas, horários e o mínimo de desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para o aluno. E, também, menosprezar o papel e todo o estudo pelo qual os professores passaram.
Estar em contato com outras pessoas é aprender a arte da convivência, e a escola é campeã nesse quesito. Então, as crianças até mesmo com as brincadeiras aprendem. Assim como os “nãos” que são ditos na escola são evitados depois mais tarde na vida.
Tudo que é ensinado numa escola passou por planejamento e muito estudo. Nada é por acaso. Não dá para sair ensinando qualquer coisa, em qualquer idade e etapa escolar. Além disso, há sempre o mínimo para atingir em determinada etapa escolar, e isso é determinado por autoridades competentes quais sejam, professores, coordenadores pedagógicos, direção, secretarias.
Li e já escutei falar sobre países que têm o homeschooling; só que para início de conversa, ou até mesmo fim de conversa; lá depois de muitos anos de estudo e adaptação, os pais precisam apresentar um plano estratégico do que vai ser ensinado; além da organização e distribuição das horas e disciplinas para cada ano. Oferecer um espaço adequado e condições para o oferecimento do ensino em casa também são requisitos necessários que os pais precisam provar para os órgãos competentes na área educacional do país.
Fico pensando, se na escola muitas vezes se apresentam desafios; imagina em casa. Difícil imaginar e, de novo, chega a voltar minha gastrite.
Senhores políticos, usem vosso tempo para pensar em educação, sim! Mas para aperfeiçoar o que temos já e inovar e alavancar a nossa escola. A escola que é de todos nós. Uma boa dica é visitar escolas e escutar os professores.