Tem se tornado comum escaramuças acaloradas entre as mais altas autoridades da nossa República; engravatadas e com suas togas, notadamente na Suprema Corte, em que, não raras vezes, são proferidos impropérios uns contra os outros, mas sempre precedidos do “Vossa Excelência”, como se o pronome de tratamento ou a “liturgia do cargo” simplesmente anulasse qualquer ofensa e a baixaria propiciada a milhares de brasileiros. Tudo televisionado e posto nas redes sociais.
Neste Dia do Advogado, é propício refletir sobre o papel do profissional que, de alguma forma, representa o elo entre essas autoridades e os jurisdicionados, a quem, de fato, a Justiça é a destinatária. O excesso de formalismos, postura sisuda, comunicação rebuscada e repleta de “juridiquês”, a pouca objetividade e o distanciamento dos negócios não possui mais espaço na sociedade moderna.
Já é chegada a hora de se refletir sobre as formalidades e liturgias por vezes desnecessárias, a serem substituídas por abordagens mais dinâmicas, pragmática e, sobretudo, mais conectadas com a sociedade como um todo. Embora, a advocacia seja um ramo historicamente conservador, há que se despertar para o intenso processo de inovação e modernização que vem sendo enfrentado; tendo como exemplificações, processo digital, audiência virtual, lawtechs, legaltechs, entre outras.
Não se desconhece que todo esse ritual e símbolos carregam um valor. No entanto, é necessário que a sociedade moderna rediscuta sobre a queda de formalidades e liturgias desnecessárias, com vistas na aproximação das pessoas, os jurisdicionados, das instituições, buscando um ambiente de negócios mais igualitário e tirando as “togas e gravatas mentais” que tanto atrasam o desenvolvimento do nosso país. Há que se disseminar no mundo jurídico uma abordagem mais dinâmica, pragmática e orientada para o jurisdicionado.
Em resumo, é preciso que nós, advogados, procuradores, juízes, ministros, enfim, todo o Judiciário, repense seu papel na sociedade, seu poder de influência e de transformação, simplificando tudo aquilo que é possível em prol dos jurisdicionados, que, ao final, nada mais são do que os destinatários finais do processo de distribuição da Justiça e a razão de existir de todos esses profissionais.
Da mesma forma que a advocacia necessita tanto de se atualizar, é gritante que nossa sociedade, hoje tão dividida e polarizada, precisa cada vez mais de um judiciário “sem togas” e mais próximo do jurisdicionado.