“Preconceito é um julgamento formado antecipadamente. Caracteriza-se principalmente por não ter lógica ou fundamento crítico. Quase sempre é expresso por meio de atitudes discriminatórias para com outras pessoas, tendências de comportamento, crenças e sentimentos”.
A descrição acima é líder de audiência da atual cultura de fiscalização implacável da vida alheia. Geralmente, porém, os críticos fazem o que condenam. São adeptos do “chame os outros daquilo que tu és”. O lixo despejado nas redes sociais resulta em carimbar todo mundo.
Emitir opinião é desgastante e perigoso. Pode resultar em prisão, sem o devido processo legal que inclui o contraditório e amplo direito à defesa. São tempos de onipotência de autoridades que solaparam as funções do Executivo e Legislativo. Pensamento único e mídia tipo comitê eleitoral-ideológico fez do Brasil uma pseudodemocracia. Ironia para nós que rimos das “republiquetas de bananas” em que um homem enfaixava o poder.
O preconceito é inerente ao ser humano. Que atire a primeira pedra quem nunca, ao enxergar determinado tipo humano, instantaneamente fez um julgamento. A hipocrisia é rica em condenar sem o devido julgamento. “Todo moralista é um falso moralista”.
Quem pensa diferente é varrido pela
força do preconceito e da manipulação
Labuto há mais de 40 anos na comunicação. Tenho recortes amarelados escritos por jornalistas que me inspiraram. No fim de semana fiz uma faxina. Não só para abrir espaço, mas para oxigenar as ideias.
Em países desenvolvidos, a cada refrega eleitoral os veículos de comunicação publicam editoriais (textos que expressam a opinião da empresa jornalística) sobre a posição com o nome do candidato preferido. No Brasil, a hipocrisia – novamente ela! – ilude com a ideia de imparcialidade de notícias com ponto e contraponto.
Até 2018 havia certa discrição, embora todos soubessem quem torcia para quem na “grande mídia”. Hoje, veículos são comitês. Muitos colegas – personagens dos recortes amarelados – hoje são cabos eleitorais. Caso o leitor/telespectador/ouvinte for simpático a determinado político ou partido, sabe exatamente onde procurar. Opinião… sim! Informação raramente.
O resultado? Escândalos sob o tapete e detalhes distorcidos transformados em manchetes em rede nacional. Tudo conforme o gosto do veículo de comunicação. Quem pensa diferente é varrido pela força do preconceito e da manipulação. Corrupção, desvios de conduta e roubos sempre existiram. Mas alguns episódios são destaque. Outros, jazem na cova do esquecimento do rodapé de página.