Hoje escrevo para dez veículos entre jornais, blogs e sites em diversos municípios do Rio Grande do Sul. Comecei aos poucos, através do pedido de diletos amigos, sem compromisso de prazo ou de periodicidade fixa. Aos poucos, no entanto, surgiram novos convites. E diante da minha dificuldade em dizer “não” todas as semanas mantenho o compromisso de entregar crônicas que não somam nada à minha conta bancária. Sim, é verdade. Escrevo de forma totalmente gratuita. Por puro diletantismo.
Escrever periodicamente assemelha-se a ter uma espada sobre a cabeça. Exige disciplina e um tanto de organização. Ao contrário de muitos colegas de grande talento, não posso depender de inspiração para criar histórias e transformar causos em crônicas para os diversos espaços. Se fosse assim, precisaria transformar minha participação a publicações mensais, e não semanais.
Aos domingos costumo organizar anotações em papéis avulsos ou na velha agenda de papel, recortes de jornais e revistas que acumulo ao longo da semana. Depois leio os jornais do final de semana em busca de tema que se encaixe no meu estado de espírito. Às vezes estou eufórico, noutras, conformado, realista, um pouco deprimido ou triste.
Às vezes a redação acontece no próprio domingo, regada a chimarrão feito no capricho, sentado na sacada do apartamento, vislumbrando o movimento das ruas ao som da algazarra dos sabiás e o alarido dos papagaios em revoada.
Apesar do esforço, da pesquisa e da inspiração, escrever
é sempre um ato solidário, inclusive com a repercussão
Noutras vezes me atiro à preguiça. Deixo para segunda-feira a tarefa de colocar na tela um primeiro esboço da crônica semanal. Para o nosso O Alto Taquari elaboro um produto com toques de recordações, reminiscências da terra natal ou de impressões que colho nas caminhadas pelas ruas de Arroio do Meio. Para os demais veículos produzo um mesmo texto.
O cotidiano é a principal inspiração com personagens de carne e osso. Episódios vivenciados na rotina rendem matéria-prima abundante. Em todo lugar é possível capturar histórias ricas em solidariedade e resistência. Crônicas de costumes têm boa repercussão, principalmente incluindo família e filhos como protagonistas.
Apesar do esforço, da pesquisa e da inspiração, escrever é um ato solidário, inclusive depois da publicação. É sempre difícil medir a repercussão junto aos leitores porque poucas pessoas manifestam-se através do e-mail. Neste momento de radicalização é tarefa árdua escrever com equilíbrio capaz de manter o interesse. Ser narrador do cotidiano, mais do que nunca, exige dedicação, sensatez e perspicácia. E tudo isso evitando a chatice!