Durante muitos anos alimentei o sonho de escrever um livro. Além de pouco original – algo óbvio para qualquer jornalista – o devaneio completaria a tríade do surrado ditado: “Ao longo da vida, todo homem, para sentir-se completo, precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”.
Ao longo da infância perdi a conta de quantas mudas acomodei em covas abertas pelo velho Giba. A data de 21 de setembro era sagrada de lançar mão de apetrechos como enxada, pá, balde e algum broto para ser fixado ao solo. Terminado o trabalho, meu pai olhava com reverência para a planta e depois de um breve silêncio, dizia:
– Pronto! Fizemos uma pequena parte da nossa obrigação. Ano que vem tem mais!
Sobre filhos não poderia estar mais grato. O casal de herdeiros (de boletos) é só alegria. De personalidades distintas, cativam pela maturidade, humanismo, solidariedade e preocupação com este velho repórter. Nas silenciosas orações agradeço pela dádiva de tê-los comigo. É o melhor da vida.
Sobre o livro, no final de 2019 lancei “O Tempo é o Senhor da Razão e Outras Crônicas”, conjunto de 120 crônicas. O grande mérito é ter sido prefaciado pelo talentoso amigo David Coimbra.
Descubro que a vida é uma grande árvore que
rende frutos doces na forma de filhos e amigos
Escrevo para 10 veículos – sites, blogs e jornais impressos ou virtuais. A ideia era fazer uma sessão de autógrafos em cada município-sede dos veículos, mas a pandemia abortou o sonho e ainda tenho muitas unidades encaixotadas.
Há poucos dias, o colega, amigo e parceiro de boteco Flávio Dutra enviou-me um Whatsapp para participar de uma coletânea a ser publicada este ano. Um misto de orgulho e medo se apoderou de mim. É uma grande honra ser lembrado para participar, principalmente ao ler a relação de colegas de gabarito que dividirão o livro.
A maioria destes parceiros é de velhos amigos, forjados em mais de 40 anos de jornalismo. Alguns foram colegas de redação, outros labutaram em veículos “concorrentes”. Cada jornalista deverá contribuir com três textos, além de uma pequena biografia acompanhada de uma foto.
Descubro que a vida é uma grande árvore que rende frutos doces na forma de filhos e amigos. Todas as epopeias devem ser registradas em um livro, documento para a posteridade e de agradecimento pela vida. E, admito, um pouco de vaidade. Afinal, ninguém é de ferro!