Gratidão é um esteio maior da honestidade moral. É lindo ter e sentir gratidão por algo e por alguém. Eu senti por Eliseu Padilha. E por isso a necessidade de escrever para ele e perpetuar isso através desse texto já que agora ele não está mais entre nós. Faleceu na semana passada.
Líder do MDB, foi vereador, deputado, prefeito, secretário e ministro de vários governos. Exímio articulador, tinha uma palavra para cada situação e uma inteligência que só vendo! Um vocabulário diferenciado era uma das características.
Você queria saber o placar de alguma eleição? Pede para o Padilha. Acertava sempre! Exímio articulador político, sabia como ninguém a arte de reunir-se com pessoas que não pensavam que nem ele, mas que queriam o bem comum.
Não raras vezes me via diante de um dicionário para descobrir o que o homem de um português culto queria dizer. Impressionava-me com o seu rico vocabulário. Suas mensagens estão e ficarão registradas em meu celular. Sempre iniciadas com…”Prezada”, e permeadas com cordialidade e genialidade.
Li várias homenagens a ele, mas sempre vão me chamar atenção aquelas que vêm do coração e uma delas me tocou pela sinceridade disparada, dizia entre outras palavras que mesmo depois de ter sido acusado de suposto envolvimento em fraudes (processo esse que foi arquivado em março deste ano) o Padilha continuaria sendo seu amigo. E algo que (essa pessoa) jamais esqueceria era que num dos momentos mais difíceis da sua vida e a dele, recebia uma ligação que perguntava: Como você está? Precisa de algo?
Padilha era um cara simples, podia se dar vários luxos, mas se dava o luxo de ser cortês, educado, leitor, humano. A política era seu desafio, e tornou-se um bravo soldado até o fim; sempre que chamado cá estava. E foi assim, na vitória do vice governador Gabriel Souza, seu afilhado político. Debilitado, mas lutou até o fim na campanha política.
Conheci o Eliseu ser humano antes do político, graças ao meu professor Antonio Hohlfeldt, quando tive oportunidade de conhecer sua biblioteca (amo bibliotecas e jamais vou me esquecer da biblioteca do Padilha). Durante alguns dias não esqueci mais o acervo que esse homem tinha em seu escritório de advocacia. Volumes maravilhosos! Depois só o acompanhava em cargos de alta importância. Mas a memória sempre irretocável. Sem recorrer a bilhetes ou assessores sabia o nome das pessoas e, confesso, é sempre bom ouvir o nome da gente. Depois, cruzei-me com ele na política e, mais recentemente pude ver seu jeito de trabalhar mais de pertinho, na campanha exitosa para o governo do estado. Ainda adepto da folha do papel, dos mapas com números, dos placares, de conversar olho no olho, mas claro sem se esquecer do poder das mídias, esse era o Padilha político que vi nessa campanha a que me referi.
Na triste despedida desse homem, encontrei uma linda flor ao lado dele, sua doce esposa Simone e dela, ao invés de ouvir palavras minhas, recebia palavras dela que guardarei em meu coração para o resto de minha vida. Num triste dia para ela, ela me fez um bem. Como pode, há realmente pessoas diferenciadas.