Somos uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal, o que se constitui em Estado Democrático de Direito. Nesta ordem, clamamos ao Exmo. Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, senhores ministros, deputados, senadores e demais autoridades, que precisamos de apoio diante da maior tragédia climática pela qual passamos a partir dos últimos dias de abril quando começaram as fortes chuvas por todo estado do RS. É seguramente a maior enchente dos últimos 100 anos. Em uma sequência de três grandes enchentes em oito meses no Vale do Taquari, em Arroio do Meio, onde o nível normal é de 13 metros, as águas chegaram em torno dos 39 metros (dados a serem oficializados).
Queremos apenas o direito de continuar trabalhando de forma digna e honrada. Na roça, na granja, na fábrica, na escola, no hospital, na creche, na padaria, no mercado, no posto de gasolina, na loja, no banco, no escritório… Queremos continuar produzindo, transportando e exportando nossas riquezas pelo Brasil afora e outras nações. Precisamos restabelecer nossas estradas, pontes e continuar mantendo empregos, para desenvolver nossa economia, mantendo-a autossuficiente e contribuir com a do Estado e País, como temos feito há décadas, com muito orgulho e honra.
Nasci em Arroio do Meio, terra onde viveram meus pais, meus avós, bisavôs e muitos familiares.
Ao longo de mais de 40 anos vivenciei o quanto nossos bairros cresceram: Bela Vista, Navegantes, Aimoré, Barra do Forqueta, Medianeira, São José, Rui Barbosa…Também o interior: Arroio Grande, Palmas, Forqueta, Forqueta Baixa… Testemunhei o quanto nossa gente se envolveu na promoção de melhorias. Não foi diferente nos municípios vizinhos. Travesseiro, Marques de Souza, Capitão, Pouso Novo, Lajeado, Estrela, Cruzeiro do Sul, Encantado, Roca Sales, Muçum… Nossos gestores públicos, cada um ao seu tempo trabalhou para cumprir as demandas mais urgentes: escolas, creches, pontilhões, salões comunitários, pavimentações, postos de saúde, permanente apoio ao interior, asfaltos, calçadas, energia elétrica, com políticas de incentivos para que cada proprietário rural pudesse desenvolver a suas culturas produzindo frango, carne, leite, ovos e hortifrutigranjeiros. Vamos falar das nossas indústrias aqui em Arroio do Meio. Há mais de 30, 40 anos, o município escolheu investir numa diversificada plataforma industrial para fomentar uma economia sustentável e democrática, gerando antes de mais nada, empregos e renda. Quão importantes e essenciais são nossas indústrias: BRF, Girando Sol, Neugebauer, Dália, Minuano, Bremil, Vale Log, CentralSul, Serraff, Bioideal, Energia Própria, Fábricas de Calçados como a Bottero, Crisbel, Calçados Laura… O resultado foi que a cidade, os bairros e interior ficaram bonitos, sustentáveis criando uma cadeia produtiva sem ter que depender de recursos extras para a sobrevivência. Olhem para o nosso comércio o quão diversificado, criativo, se tornou nos últimos anos. O mesmo ocorreu nos municípios vizinhos. Líderes comunitários, civis, religiosos, povo, empresários todos trabalhando juntos contribuindo à sua maneira.
As indústrias, Sr. Presidente Lula, Ministros, Sr. Governador, deputados, senadores, não são apenas nossas. Não. Aqui elas distribuíram salários e contribuíram com criação de novos negócios como oficinas, mercados, lojas de bairros vendendo material de construção, elétrico, empresas de tecnologia e comunicações. Fomentaram ICMS, IPTU, IPVA, Simples, PIS, FGTS, Cofins… Mas senhores, este imposto não ficou só aqui. Ele contribuiu de forma decisiva com o Estado e País de forma estratégica. Procuramos fazer nossa parte ao longo dos anos e questionamos pouco se a devolução em serviços públicos veio na medida da nossa participação, até porque pela nossa cultura, pelo espírito coletivo, entendíamos que vivíamos bem em nossas comunidades atendendo nossas necessidades principais incluindo lazer. Sabemos que Arroio do Meio e nossos vizinhos do Vale do Taquari não foram os únicos a serem atingidos. Longe disto.
Mas MERECEMOS SER TRATADOS COM RESPEITO, DIGNIDADE POR TUDO AQUILO QUE JÁ CONTRIBUIMOS.
Quanto já pagamos em impostos em 5,10, 15, 20, 30 anos? Parte deste valor foi decisivo para o desenvolvimento de outras regiões e status do sistema.
Por isto, senhores, estamos fazendo um apelo de “uma espécie de devolução” proporcional ao que já contribuímos para reconstruir nossas cidades e não seja decretada uma falência coletiva gradual. Vamos continuar trabalhando, como sempre trabalhamos. Mas agora muito mais. Por sobrevivência. Pelo legado a ser deixado para filhos, netos e gerações futuras, assim como fizeram nossos antepassados.
Precisamos de forma imediata que venham recursos federais para que nossas empresas possam manter empregos, pagando salários, para que os produtores possam continuar produzindo, professores dando aula, hospitais atendendo. Precisamos de dinheiro administrado por Fundos, e Associações para reconstruir as cidades. De forma imediata. Sem tanta burocracia. A roda precisa girar. Há mais de uma semana estamos recolhendo entulhos e escombros, mas para dar dignidade às centenas de famílias atingidas precisamos da liberação imediata de recursos, com carência de pelo menos 5 anos e sem juros. Mais uma vez. Olhem para nossa folha de contribuição de centenas de empresas e pessoas físicas.
Não é uma missão impossível. Se os municípios do Vale do Taquari forem à falência, se o RS for à falência que impacto isto terá para o País?
Para quem tem espírito empreendedor, guerreiro, trabalhador não há missão impossível.
Precisamos reconstruir nossas pontes, estradas, escolas, parques, empresas. Precisamos de condições para trabalhar. LIBEREM RECURSOS DE FORMA IMEDIATA, para continuar produzindo comida, alimentar nossa população, repor instalações, mercadorias e fazer nossa ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA SOBREVIVER.
Nossa gratidão a quem salvou vidas durante os momentos mais críticos. Gratidão a quem de forma voluntária tem doado tempo, em serviço, alimentos e outras ajudas. De longe e de perto. Muito gratos. São inspiração para continuarmos trabalhando e não soltar o leme, nem pular do barco.
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES, como clama o lema dos nossos comerciantes.