Uma estimativa feita pelas principais associações ligadas ao setor produtivo estimam uma perda de R$ 40 bilhões nas atividades econômicas do Rio Grande do Sul em função da maior catástrofe climática registrada a partir do dia 29 de abril e primeiros dias de maio. É uma estimativa inicial, mas que pode ser maior. Em 2023, o PIB gaúcho foi de R$ 640, 23 bilhões e a projeção inicial dos prejuízos foi feita pelas entidades representativas do comércio, indústria, agropecuária, serviços. Estas estimativas principalmente no comércio e setor de serviços estão relacionadas a perdas na produção e não levam em conta o custo de reconstruir pontes, estradas e recursos para tomar como crédito para continuidade de atividades econômicas.
ESTABELECIMENTOS ATINGIDOS EM ARROIO DO MEIO: Levantamento preliminar feito pela CDL, apurou que entre associados e não associados, foram 332 estabelecimentos contabilizados com perdas severas.
Plano de reconstrução de R$ 19 bi
É o valor inicial apontado pelo governador Eduardo Leite, para execução de um Plano de Reconstrução do Estado. As estimativas preliminares se baseiam em comparativos com o que foi levantado para responder ao desastre de setembro de 2023, no Vale do Taquari.
Crédito de R$ 50 bi oferecido pelo governo federal
É o valor que o governo federal considera possível alcançar em termos de linhas de crédito via BNDES, como garantidor de empréstimos. A ideia é que com os aportes de R$ 7,7 bilhões em garantias de crédito com aval do governo seja possível gerar R$ 50 bilhões em financiamentos para empresas. Porém depende do interesse das empresas acessar as condições destas linhas do programa. Estes recursos não serão repassados para o governo do Estado.
BANCOS OFICIAIS E COOPERATIVAS DE CRÉDITO
A capacidade de adaptação e atendimento ao púbico, para mapear os gargalos neste período de crise é muito mais eficiente por parte de instituições como Sicredi, Cresol, Sicoob, até mesmo o Banrisul, em relação aos bancos oficiais, que contraditoriamente recebem mais recursos por parte do governo federal. Os grandes bancos como Caixa Econômica e Banco do Brasil ainda estão atendendo em Arroio do Meio provisoriamente.
Queda no ICM’s
Gestores públicos estão preocupados com a queda no ICM’s, que vai afetar a economia do Rio Grande do Sul. Como praticamente todos os municípios foram afetados, a redução no bolo tributário vai afetar os orçamentos já apertados com responsabilidades excessivas com saúde, educação, segurança pública. Esta conta ainda vem.
ACESSOS, LOGÍSTICA E O ESFORÇO PELA RECONSTRUÇÃO DAS PONTES
Em todo o Vale do Taquari, Arroio do Meio foi um dos mais atingidos pela estrutura e logística, com a perda de duas pontes, principais vias de acesso direto com Lajeado para centenas de trabalhadores que se deslocam entre as cidades vizinhas, bem como escoação de produção, transporte de mercadorias, insumos das principais indústrias, comércios e setores ligados ao agro. A mesma situação ocorre com Travesseiro que também teve parte da ponte levada o que impossibilita o acesso até a BR 386 por Marques de Souza.
Mil imóveis atingidos
Fotos aéreas com drone mostraram as extensas áreas inundadas. Quando as águas baixaram os cenários de destruição e devastação puderam ser melhor avaliados. Centenas de imóveis que ficaram em pé nas inundações de setembro agora foram arrastados, ou tiveram suas estruturas totalmente comprometidas. Pouco sobrou. Em Arroio do Meio, a estimativa é de que tenham sido perdi[1]dos mil imóveis. A informação é do secretário de Administração Áureo Scherer. É muita destruição. Das enchentes de setembro e novembro quando havia uma demanda de mais de 200 casas, as primeiras 28 moradias temporárias (são provisórias porque falta melhor estrutura. Tem apenas um cômodo e banheiro) foram entregues no dia 19 de abril. A execução foi possível graças a uma parceria entre Município, Sinduscom-RS e governo do Estado.
Impactos na agropecuária
A Embrapa territorial, órgão de Pesquisa com sede em São Paulo e que é especialista em imagens por satélite, mapeou a partir da mancha de inundação, 21.541 imóveis rurais e 1. 559 estabelecimentos agropecuários atingidos em 255 municípios entre os dias 5 e 7 de maio. O terreno abrange mais de 500 mil hectares no Estado. Nas áreas agrícolas produtivas, as lavouras de arroz foram mais atingidas, com cerca de 11%. Também foram afetadas estruturas de silos com perdas de 750 mil toneladas de grãos.
NA REGIÃO – Um dos grandes problemas para as lavouras dos municípios do Vale do Taquari e outros do RS é o solo que foi muito lavado ou virou lamaçal, o que dificulta a produção. Os acessos às propriedades, logística de transporte, energia elétrica, também tem afetado duramente os produtores. O Rio Grande do Sul, como é um estado com áreas de plantio consolidadas não tem muito potencial para ampliar fronteiras, o que deverá levar muita gente a procurar outras terras.
PASSADEIRAS
Engenharia de Exército Brasileiro instalou as chamadas passadeiras em caráter emergencial para a logística mais urgente de pessoas. Até agora foram instaladas duas em Arroio do Meio, uma em Travesseiro, para a ligação com Marques de Souza, sobre o rio Forqueta. Outras três foram instaladas em Sinimbu e uma em Candelária. PREÇOS ABUSIVOS Trabalhadores, pedestres e usuários que necessitam a travessia nas passadeiras (construídas pelo Exército) entre Arroio do Meio e Lajeado e que precisam por exemplo de uber para se deslocar até o trabalho estão tendo gastos extras. Uma professora de Arroio do Meio que dá aula no Gustavo Adolfo (trajeto de três quilômetros) está pagando R$ 15 para ir e R$ 15 para voltar. Se o motorista leva três ou quatro pessoas cobra o mesmo valor. Não daria para maneirar um pouco neste valor?