Durante as invasões espanholas do século 18, chegou a Porto Alegre um Lisboeta (nascido em Lisboa) de 34 anos, chamado José Marcelino de Figueiredo, que longe de ser visitante ou espanhol foi, sim, pelo que prestou de serviços à cidade, seu verdadeiro fundador.
Seu nome de batismo, porém, era outro: Manoel Jorge Gomes Sepúlveda, que teve sua real identidade preservada pelo Marquês do Pombal (Sebastião de Carvalho e Melo), uma vez que como capitão do Exército de Portugal, Sepúlveda duelou com um oficial do exército escocês e o matou, em nome da honra, como se dizia nas discussões de então.
Foi, em seguida, mandado para o Brasil com o título de governador da Capitania de São Pedro, que muito lhe deve, em 1769.
Menos de três anos depois de sua chegada aqui, JMF conseguiu que Porto Alegre mudasse de categoria (termo da época): elevou-a à Freguesia e emancipou-a de Viamão a 26 de março de 1772.
Nossa Capital viu oficializada essa data 199 anos depois – 26 de março de 1971- a festa de seu bicentenário marcada para o ano seguinte e o dia 05 de novembro reconhecido como o de sua colonização (1740).
Era seu prefeito então, Telmo Thompson Flores.
Voltemos a José Marcelino de Figueiredo:
Como já sabemos, sua chegada a Porto Alegre se deu em 1769, ou seja, 17 anos depois dos Açorianos aqui terem desembarcado (nov/1752).
A tese que defendo é a de vários historiadores: Quando JMF providenciou a desapropriação de Jerônimo de Ornelas para que se desse a distribuição de terras (na época, chamadas datas) estava, na verdade, fundando Porto Alegre.
Em seguida, JMF nomeou o Capitão Alexandre José Montanha para demarcar as terras que, há quase 20 anos, os açorianos esperavam receber.
Para o contato das famílias açorianas, que habitariam às margens do Guaíba, foi utilizado um caminho já à época existente, que passava às costas de cada data ou terreno. Este caminho conserva, até hoje, o mesmo nome: a conhecida rua da Praia, logo, a rua mais antiga da Capital Gaúcha, cujo nome oficial é rua dos Andradas, pelo qual é bem menos conhecida do que a do batismo recebido dos primeiros usuários.
JMF, em 1770, tentou mudar a Capital da Província de São Pedro de Viamão para Porto Alegre, mas não obteve êxito junto ao Marquês do Lavradio (Luis de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça de Melo), vice-rei do Brasil de 1769 a 1779, que enfrentou a invasão espanhola no RS e implementou o Tratado de Santo Ildefonso.
A 25 de julho de 1773, quando JMF completava cerca de 3 anos e meio no Governo da Capitania de São Pedro- conseguiu permissão para sagrar Porto Alegre Capital e efetivou essa conquista enviando um Ofício- que ficou célebre, por sinal – para todos os Vereadores e funcionários Públicos de então, dando a notícia e marcando a mudança de todos para a nova Capital.
Argumento utilizado por JMF para obter esse sucesso: “O Porto da nova Capital estava em posição mais estratégica, a meio caminho de Rio Pardo pelo Jacuí e de Rio Grande, pela Lagoa dos Patos-”as duas localidades mais fortificadas, na época.
A essa altura, o Capitão Montanha já havia orientado o traçado das futuras ruas da cidade e as localizações de alguns prédios. JMF autorizara construir a Casa dos Governadores no Caminho do Meio (hoje, Voluntários da Pátria), a Igreja Matriz da Madre de Deus, no mesmo lugar onde está hoje a Catedral (Praça da Matriz), bem como a casa da Real Fazenda e Câmara, na construção mais antiga de Porto Alegre, onde depois localizou-se a a Assembleia Legislativa Gaúcha e hoje situa-se ao lado do Palácio Piratini e quase em frente ao solar dos Câmara.
Na próxima edição da Portal Mix, mais sobre José Marcelino de Figueiredo e também sobre Jerônimo de Ornelas – o Primeiro Sesmeiro – e a grande diferença entre os dois.
Até a semana que vem.
Um abração.