Carlos Júlio Cristiano Adalberto Henrique Fernando Von Koseritz fugiu da Pomerânia para o Brasil, por questões políticas. Nascido a 07 de julho de 1830, chegou a estudar no Colégio Philantrophium, em Dassau, na Alemanha e fez parte da Armada e do Exército Germânico. Tão logo prestou serviço militar, Von Koseritz aportou no Rio Grande do Sul, casando-se em Piratini, logo depois de naturalizar-se brasileiro. Era 1851 e a Paz de Ponche Verde havia sido firmada há apenas 6 anos.
A colonização alemã, porém, já havia comemorado seu primeiro quarto de século no RS (25.07.1824).
Von Koseritz dirigiu vários jornais (O Brado do Sul, O Noticiador, O Povo) e escolas (São Francisco de Paula, O Ramalhete Rio-Grandense, O Ateneu Rio-Grandense) de Pelotas e Rio Grande, entre 1852 e 1860, ao mesmo tempo em que escrevia dois dramas (Nini e Inês). Mas o que caracterizou mesmo esse brilhante e criativo jornalista, foi o fato de ter sido o principal porta-voz da Colônia Alemã no Rio Grande do Sul.
Tudo começou com a fundação do Jornal Neue Deutschezeitung (1864) em Porto Alegre, escrito em alemão, com 12 páginas nos dias de semana e 24 aos domingos.
Publicou o notável trabalho Conselhos aos Emigrantes Alemães, no qual falava de sua experiência e das oportunidades que o RS poderia oferecer a quem viesse buscar melhores dias.
Carlos Von Koseritz desempenhou intensa atividade. Foi Capitão da Guarda Nacional, presidiu a Sociedade de Geografia de Porto Alegre, foi Membro Fundador do Partenon Literário, Diretor Honorário da Sociedade de Ginástica Alemã, Membro do Instituto de Geografia de Berlim, Sócio Correspondente do Instituto de Geografia de Dresden e Sócio da Sociedade de Etnologia de Leipzig e da Freie Deutsche Hochschule, de Frankfurt.
Em 1866, foi Inspetor Geral das Colônias Alemãs do RS e Diretor das Exposições Provinciais, cargo que voltou a ocupar em 1875 e que o levou, em 1881, à Presidência da Exposição Brasileiro-Alemã, realizada em Porto Alegre.
No tempo que lhe sobrava, colaborou com o Jornal do Comércio e com a Gazeta de Porto Alegre, escrevendo ainda algumas matérias para o Eco do Sul, de Rio Grande.
Os romances, dramas e ensaios continuaram também a merecer sua atenção.
Foram sendo escritos Roma perante o Século – filosofia e história – Laura, perfil de mulher, A donzela de Veneza (romance), Bosquejos etnológicos e outros (ensaio).
Com uma atividade que facilitava a interação, o caminho da política chegou ao natural para Von Koseritz. Em 1883, aos 53 anos, foi eleito Deputado Provincial do Rio Grande do Sul, cargo para o qual foi sendo reeleito até 1889.
Em 1884, a Assembleia Provincial discutiu a decisão da Câmara Municipal de Porto Alegre, que proibia a abertura do comércio aos domingos, no sentido de favorecer os “caixeiros”. Von Koseritz foi contra a medida, argumentando que ela feria o princípio básico da liberdade de comércio. Não obteve êxito na defesa de sua tese, até porque, do outro lado, estava Silveira Martins, com um projeto que ampliava a proibição também às fábricas e oficinas. A assunto aliás – comércio aos domingos – mantém-se tão aceso hoje quanto há 122 anos.
Nomeado Conde de Von Koseritz pelo seu trabalho de integração, Carlos Von Koseritz, após a Proclamação da República, foi preso e mantido em cárcere, quando faleceu (1889). Mas com a certeza de ter construído uma vida exemplar.