Aqui vai uma dica para quem está querendo encontrar leitura boa. A dica é Caio Fernando Abreu. Livros de Caio Fernando Abreu.
Caio Fernando Abreu foi escritor e jornalista de mão cheia, cheíssima. Gaúcho de Santiago, nasceu em 1948 e morreu em 1996. Teve uma vida curta, mas movimentada, intensa. Passou a maior parte dela fora do Rio Grande, andando entre São Paulo e Rio ou em viagens pela Europa. Sem conseguir parar – nunca teve casa própria ou endereço estável. Caio viveu à procura.
Esta condição pode não ter ajudado a curtir a vida numa boa, mas certamente aumentou a chance de captar o clima fim-de-século. Isto mesmo, à medida que os anos passam, fica mais claro que o escritor gaúcho foi dos melhores intérpretes de sua época, no que diz respeito à vida que se vive nas cidades grandes. Temas favoritos: a solidão experimentada por quem está rodeado de pessoas desconhecidas e a angústia dos que tudo tem – aparentemente. Por isso mesmo, antes que você compre os livros, cabe avisar que a obra de Caio não é leitura para curtir como quem bebe uma cervejinha debaixo do guarda-sol. Caio Fernando Abreu vai fundo, consegue apalpar a alma.
Umas amostras:
“A cidade lá fora, com gentes falando sempre alto demais, sem parar, entrando e saindo de lugares, bebendo, comendo coisas, pagando contas, dançando alucinadas, querendo ser felizes antes de segunda-feira: urgente.”
“Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste, isso é a resposta da oração “livrai-me de todo o mal, amém”.
“Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.”
“Quem diria que viver ia dar nisso?”
“Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem.”
“Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.”
“Quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.”
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“Não tem coisa melhor (nem pior) do que gente.”